Desde que comecei meus estudos sobre educação na primeira infância, me tornei especialista. Aprofundei meus conhecimentos na abordagem Pikler, fiz cursos em psicanálise e comecei a aplicar a figura do adulto de referência com base na minha própria experiência, analisando se é realmente tão crucial como aprendi que é.
Minha primeira experiência foi em 2018 e 2019 na educação não formal, trabalhando em espaços brincantes com bebês e crianças pequenas. Durante 2020, enfrentamos a pandemia (modo online), seguido pelo trabalho com um grupo de 3/4 anos em 2021 e como professora volante em 2022. Nessa última função, pude observar o trabalho de outras profissionais na sala do berçário I, composta por três turmas em um único espaço físico, resultando em 21 bebês (7 por professora).
Nesse cenário, as professoras optaram por não designar uma lista de alunos para cada turma, permitindo que os bebês escolhessem sua referência. Inicialmente achei interessante, mas com o tempo essa abordagem me levou a questionar a importância da escolha do bebê, já que o vínculo se desenvolve naturalmente (assim como a relação materna). Se um bebê escolhe uma professora específica, pode ser porque ela oferece mais atenção, iniciativa de interação ou sensibilidade. O que acontece quando muitos escolhem a mesma professora ou quando uma criança não escolhe? Senti falta de garantir os direitos e a qualidade do atendimento.
Outro aspecto que me fez refletir foi que, enquanto havia a professora de referência, todas as professoras trocavam fraldas, roupas, davam banho e alimentavam todos os bebês. Isso me deixou confusa e senti a necessidade de vivenciar novas experiências neste contexto da educação infantil, buscando embasamento teórico para aprimorar essa concepção.
Em 2023, assumi uma turma de berçário II com bebês de 1 a 2 anos e vi uma grande oportunidade, com três agrupamentos em um único espaço físico, totalizando 27 bebês (9 por professora) e 3 professoras por período. Propus adotar o sistema em que cada uma seria a adulta de referência do seu agrupamento, sem rigidez. Deu certo! Em 2024, continuo com o berçário II, desta vez em dupla, com 8 bebês para cada professora. A outra professora aceitou a proposta.
Não há um livro ou texto específico com todas as respostas sobre trabalhar com o adulto de referência. O que compartilho aqui é uma breve reflexão. Muitas educadoras desejam implementar essa abordagem, mas encontram dificuldades. Espero que essas experiências possam contribuir, destacando a importância da abertura, flexibilidade, estudo, respeito, ética e parceria entre as professoras.
A leitura do artigo complementa os conhecimentos sobre o assunto, abordando a relação adulto-criança. Meu enfoque pedagógico vai além, integrando estudos de autores como Winnicott, Bolwby, Brazelton, Pikler, Gonzalez-Mena, Goldshmied e Jackson, buscando uma visão holística.
Da família ao ambiente educativo
Quando bebês ou crianças pequenas começam no ambiente educativo, é crucial lidar com a separação mãe-bebê ou do cuidador. Isso pode causar estresse, angústia e ansiedade, pois é necessário construir laços diferentes dos familiares, com pelo menos uma professora por período.
É um momento delicado e desafiador, exigindo acolhimento e sensibilidade. Os bebês e crianças expressam seus sentimentos e a nossa observação é essencial para compreender e atender suas necessidades emocionais, criando um ambiente propício para explorar, aprender e se sentir seguros.
Aulas especiais de cuidados e emoções
Ainda é possível implementar o sistema do adulto de referência se você não estiver trabalhando dessa forma!
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